segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Viver..

Eugênio Salles


Existem várias formas de olhar o mundo, sugestivas maneiras de encarar a dita realidade, ora difícil, fácil, tranquila, complicada, diferente, complexa, ora simples, contudo problemática. Enfim, nossos olhares e maneiras de viver o mundo, trazem muito de nossa subjetividade.

Na particularidade de cada olhar, o certo e o errado escondem significado próprio, pois viver implica em relações carregadas de sentimentos, expectativas, sonhos, possibilidades, dúvidas, nada de certezas. Dito de outro modo, viver pode parecer coisa estranha, cujos sinais sejam pontos finais, vírgulas, interrogações.

Na linguagem poética, a vida se esconde longe, longe mesmo, na fronteira entre a noite e as estrelas, o dia e o seu brilho caloroso, o amanhecer e o ritmado e imponente batuque da chuva, bem próximo do nada. A vida se esconde no embalo do vento e do tempo que dispensa relógio, nos momentos de sutil delicadeza, nos versos de despedida, de dor ou de tristeza. E é claro, a vida habita o olhar do poeta silencioso ou declarado, olhar forte e apaixonado. Despreocupado passa os dias sem delongas, demoras e Dolores.

Na observação curiosa, a linguagem mais bela, a vida se esconde no lugar mais adequado para ela, o luar. Lá, distante de tudo e de qualquer possibilidade real, está o mistério e o enigma da lua, refletindo o olhar atento do apaixonado desiludido. Toda imponente e majestosa com sua maneira de levar as mensagens de admiração e beleza mesmo a distância, mesmo no impossível, duvidado. A lua, forte e solitária, em sua sinceridade, oferece aos românticos o incomprendível. Ela, que carrega a linguagem da dúvida, esconde o enigma de não poder ser explicada, apenas sentida.

Na linguagem da vida, podemos até encontrar sentidos guardados no olhar de retorno, no sorriso da criança, na tranquilidade do idoso, na paciência no jovem. Mas é na descoberta inesperada, na surpresa, naquela tarde de doces e gostosas risadas que percebemos possibilidades mil, escondidas no prazer da descoberta de que viver é mais que existir.

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