segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Observações..

Ricardo Carvalho

E assim, a coerente demência de amar.
Responsável loucura de arriscar.
Dor escondida no encontro, revelada no partir.
Sentimento que fala triste, quando resolve calar.
Paisagem da viagem, do mais profundo céu do olhar.

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domingo, 15 de agosto de 2010

Descrição..

Eugênio Salles

Eu sou solteiro por opção... delas!
Por viver sozinho não me apego a nada.
Prefiro não ver. Prefiro não encontrar. Esqueço que existe. Escolho se quero lembrar.
Nos dias lentos, fico refletindo durante algum tempo e percebo que o clima merece mais atenção. Ele tem uma tática pra ser lembrado: Fazer sentir, mais que se notar.
E isso é interessante porque antigamente eu não sabia exatamente o que eu queria, mas tinha convicção do que eu não precisava.
Hoje me sinto confuso...
Talvez eu procure um lar, com endereço fixo nas entrelinhas do horizonte.
Talvez escreva no breve cair da chuva, aos olhos simples do luar, observando o tempo que é justo ao passar.
Fico perdido quando percebo que a gente é quadrado, vivendo em círculos, relações triângulares de conhecer o mundo todo. É a exatidão geométrica de uma vida sem sentido.
Já descobri também que quem vender felicidade vai ser o cara mais rico do mundo...
E o mais triste também...
Não gosto de dormir, sonhar em silêncio me parece tão egoísta. Um dia, quem sabe, eu ainda encontro uma maneira pra sonhar acordado, junto com o teletransporte público, é claro.
Não sei, tem coisas que a gente não entende, mas para todas as outras, existe MasterCard.
Eu prefiro a saudade, dor bacana das distâncias.
Vamos ficar em silêncio, alguém talvez possa ouvir.
Quem sabe assim a gente escute, aquilo que faça sentir...
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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Identidade...

Cardoso
Não passo lembranças.
Não lembro passados.
Sou um pouco que sonho.
E um pouco que falho.

Meu nome é fulano,
ciclano ou esquecer.
Sobrevivo com o tempo,
por vezes esquecido saber.

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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sentido Único ao Contrário

Desconheço ou penso, talvez
esqueço ou conheço, não sei

Traçado destino com trajeto
Curva duvidosa ao incerto
Cálculo perfeito do exato
Interpretação do correto

Angustia risada careta.
Dor que aparece ao sumir
Beleza constante imperfeita
Saudade que surge ao partir.

Um minuto te esquecer
Liberdade de procurar.
Sentir vontade te ver
Guardar ou dividir.
Buscar ou esperar.

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terça-feira, 13 de julho de 2010

Paciência..

“Quero agora que digam o que quero dizer-te
Para que escutes como quero que me escutes”

Meu poema
Foi um dia encanto
Quando pode te olhar
Doce ilusão ao certo
Um olhar de carinho
Fim de tarde junto ao mar

Fecho meus olhos
Pensamentos a sonhar
E eu continuo imaginando
É a melhor forma que encontro
Pra minha distância sufocar

E quando vier a noite
Boa noite quiser desejar
Talvez agora emudeça
Volte o olhar para o céu
Aprenda as estrelas observar

Seu silêncio é a sentença
Para que sem asas
No céu de algum poema
Meu amor não canse
Nem pare de voar

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terça-feira, 6 de julho de 2010

Colonização em Versinhos..

Cardoso

Numa terra distante, vivia um povo isolado.
Chegou do mar um viajante, destemido soldado.
Voz grossa e imponente, com a razão ao seu lado.
- Eis a luz do senhor, que veio salvar pagãos do pecado!

E aquele povo, sob o fardo árduo e pesado
Viu a colônia transformar-se em povoado,
Agradece a corte por ter sido descoberto
Deveras feliz, sentindo-se lisonjeado,
Alegria de um povo que hoje, ainda,
Não consegue ver-se explorado.

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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Estórias da Memória..

“só levo a saudade é tudo que vale a pena!”
Marcelo Camelo.

Há alguns dias encontrei-me com velhos amigos. Todos empolgados com a alegria do encontro. Como a lembrar cenas de um filme, via imagens dos momentos que passamos juntos, sem noção de tempo, realizando as mais incríveis façanhas, na pequena cidade do interior.
Entre as imagens, algumas falavam de promessas esquecidas. Fato é que todos sorriam, apontando linhas que o tempo desenhara nas faces, agora barbudas; nas mãos, algumas sinalizadas por uma aliança e até mesmo nos pés, que já não tocavam o chão refrescante.
Incrível! Tocado pelas minhas memórias, sentia-me como se estivesse lá, vivendo minuto a minuto... Eles carregavam um pedacinho de mim e eu deles. Da bela combinação de sentimentos e realidades que cruzavam tempos e espaços, nasceram meus amigos. Sim! Lá estavam eles: Ricardo Carvalho, o inconstante apaixonado e Eugênio Salles, o exímio estudante e observador, reunidos pelo desejo de saber tudo sobre todos, ou quase tudo.
Tão importante quanto as relações, eram nossas memórias, nossas estórias. Memórias, estórias, pessoas, identidades, diferenças, são peças de um mesmo jogo, cada qual com sua particularidade. Eu sou eles e eles são meus outros eus. Identidades múltiplas e que mudam com tempo, que afinam e dasafinam...
E assim, cenas de minha vida iam falando de emoções e de sentimentos vividos junto de meus amigos. Afinal, eles que faziam parte do meu passado de forma marcante, eram agora meu presente.
Viajando através do olhar, vi que o amigo Eugênio estava afoito, ele que pouco se importava, pois todos diziam que era louco, embora que isso não soava como ofensa, para aquele jovem franzino, que passava os dias a escrever cartas. Jovem solitário, meu amigo de infância nunca conseguiu se acostumar com sua monótona vida. Passava os dias com sua “indisciplinada” mania de escrever correspondências.
Eugênio criara seu próprio mundo, imaginando até mesmo endereços e destinatários para suas correspondências. Escrevia durante a noite, reservando a manhã para as postagens no correio, que ficava próximo de sua casa e, durante a tarde, dormia. As cartas, na medida que voltavam, iam se acumulando em sua porta, o que me deixou impressionado.
- Você não recolhe as cartas? Perguntei apreensivo.
- Não eram para mim. Respondeu ele.
Revirou toda sua casa procurando livros e citações, revendo fotos, assistindo filmes antigos e escutando canções de nossa época, desatualizadas, é claro. O que me deixava intrigado era o prazeroso sorriso ou as tristes lágrimas que exprimia quando nos mostrou uma antiga caixa, que trazia consigo.
Não ousei, em nenhum momento, interromper sua ocupação. Percebi apenas que louco ele não estava, talvez perturbado, mas continuava com o mesmo olhar firme e de objetivo que tanto marcava sua personalidade. Perguntei apenas para quem eram as cartas. Ele não respondeu, sugeriu que observasse o conteúdo da caixa que carregava com ele. Abri devagar, e logo percebi o por que de ter escrito em sua tampa “A FONTE”. Dentro da caixa estavam velhas memórias, fotos, muitas fotos. Quase todas não conhecia, lembrava apenas de alguns rostos. Interrompeu-me, dizendo:
- São lembranças, rostos que jamais esqueci, procure, vocês também estão aí dentro. Escrevo sem preocupação, desejando apenas ser fiel e honesto ao que sinto. Estou escrevendo minhas memórias. Não queria guarda-las num velho livro. Preferi enviá-las pelo mundo, dizendo do que vivi, sonhei, amei. Guardo cada dia como se fosse uma frase no diário. Lembro de cada momento apenas admirando imagens...
Lhe interrompi:
- Sabe o que todos dizem? Que você está ficando louco.
Ele respondeu apresado:
- Não sou louco, se realmente fosse, teria coragem de enviar a seus verdadeiros destinatários, explicando de meu sofrer, minha dor, meu desejo de viver novamente o que não consegui. Viver é um fingimento. São só lembranças.
Ricardo, em silêncio, parecia cansado, talvez inconformado, característica sempre presente de sua personalidade. Encontrava solução para tudo, mas as vezes fraquejava em algum pequeno detalhe, era mesmo um pouco confuso meu amigo. Perguntei de seu pai, era importante pra mim saber onde estava seu Adamastor, as vezes pensava nele e em toda sua sabedoria do sofrer.
Ricardo respondeu em versos:

Meu pai foi poeta das mãos calejadas.
Foi cantor de uma vida martelada
Intelectual de escola não letrada
Maestro da cultura relegada.

Estava ali um grande amigo, e um maior ainda poeta. Observa eles e percebia toda sua influência em minha pequena história. Sentia firme e presente sua importância em minhas memórias. Nossa grupo com subjetivos sujeitos. Era engraçado, nossas histórias, ou melhor, cada história relacionada como uma só. Mais importante do que viver pra ser lembrado é viver para que nossa ausência fosse sentida, que em cada um de nós estava um pedacinho do outro.

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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ilusão de Sonhar Acordado...

Simples é o mundo perfeito.
O dia é claro de noite.
A lua é um olhar.
Há quem passe dormindo
E que vive a sonhar.

Cachorro-quente na praça.
Filme na esquina.
Passeio na sexta.
História roubada.
Tudo girando parado.

Promessas são dúvidas
e dúvidas são normais.
Ninguém precisa da certeza
Não inventaram a palavra jamais.

Estrelas são flores
O branco é a união das cores
E o preto a ausência, tanto faz
No fim tudo é verde, laranja ou lilaz..

Pirulitado colorido, chocolate quente, abraço apertado.
Melodia da chuva mansa, compasso com o sol raiado.

Não existe sozinho
Lógica exata ou razão
Choro, tristeza ou cantinho
Não desejam solidão

Memória é um artigo esquecido
Ninguém precisa andar pra trás
Um mundo que tem tudo hoje
E amanhã, talvez, não exista mais.

É Insignificante particular, privado, engordar
Desatenção com relógio, guarda-chuva, soluçar
Ânsia paciente e vagarosa de não se "pré-ocupar"
Não inventaram transporte, pra distância valorizar

Um mundo perdido numa constelação distante
Se encontra quando se quer desviar.
E quando achar que perdeu,
Acabou de localizar...

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Paciência..

Cardoso


Esqueço do sofrer.
Não lembro da felicidade.
Se o tempo é a necessidade da certeza
Tenho certeza que o tempo
Não conhece a saudade

Devo estar desacreditando.
Sentindo o frio congelando.
E enquanto tento esquecendo.
Acabo sempre lembrando.


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terça-feira, 25 de maio de 2010

Sentimentos..

Eugênio Salles

Escrever é um pouco observar.
Analisar é um pouco do olhar.
Ler é um pouco emocionar.
A dor é um pouco correr.
Buscar é um pouco perder.
Deixar é um pouco encontrar.
E o pouco é muito pro viver.


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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Suas Contradições...


Ricardo Carvalho
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Quem sabe sinta medo do silêncio.
Grite forte pra ninguém ouvir.
Sofra em segredo algum receio
Agendado a alguém que distrair..
Esconda quem sabe um beijo
Um sorriso pra quem merecer.
Disfarçando a presença do medo 
Deixando subentendido o perceber.

Na liberdade dos superficiais momentos
Esquece o que de simples tem valor.
Desfaz do sonhos com esquecimento
E quem dos sentimentos for conservador.
Talvez na velocidade absurda do erro...
Fuja correndo ao encontro do desespero.
Planeje o amanhã com papel do passado.
Beba do acido alivio comprado.
Esqueça o prazer conquistado..
..
Busque esconder o amor..
Ou vice-versa...

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domingo, 16 de maio de 2010

O Rei Anão...

Eugênio Salles
Sentir muito foi pouco.
Todos concordaram em discordar.
Um anão no país das maravilhas.
Ordens supremas de um polegar.

No lugar do amanhã.
Terminou com a surpresa.
E assim, como ontem..
Fim dos sonhos ao despertar.

A pátria amada em berço esplêndido
Idiolatrando a razão sacramental.
Planejando o resultado da fábula...
O anão como rei do carnaval.





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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Eu Vou Procurar...

Cardoso

Eu preciso de uma vida tranqüila, quase parando, bem mansa e devagar..
Aquela paciência das tardes longas, compridas sem ter com o que se preocupar..
Muito mais viver, muito menos esperar..
Eu quero aqueles cinco minutos, poucos, mais demorados, logo depois do despertar..
Coisa tão boa gente que a gente sufoca por ter outros planos e achar que vai se atrasar..
Muito menos dormir, muito mais descansar..
Eu sinto falta daquele abraço demorado, combinado com um sorriso sincero, bem grande, descrito como engraçado, tímido, enfim, todo mundo sabe como demonstrar..
Muito mais retribuir, muito menos provocar..
Eu necessito de volta, aquelas manhãs de domingo em família, dos risos, das histórias, do almoço atrasado. Nenhuma alegria escapava, pouca tristeza conseguia entrar...
Muito menos solidão, muito mais Lar..
Eu imagino minha rebeldia, como forma de comprometimento, inconformado com a maioria, escondida na monótona sintonia de jamais discordar..
Muito menos apatia, muito mais lutar..
Eu Serei um amor sincero, cauteloso, sempre ansioso de saudade, com receio respeitoso de todo dia se declarar. Só pra ver de novo em seus olhos, o motivo de meu sonhar..
Muito menos sofrer, cada dia mais amar..
Eu não desejo que minhas palavras sirvam pra algo. Mania de querer que as coisas tenham serventia. Algumas coisas jamais são entendidas, mesmo assim possuem magia..
Muito mais sentir, muito menos analisar..
Eu talvez encontre a felicidade. Somente ela pode eternizar. Guardada na esperança, na saudade, no amor e na alegria, que só existe de fato se a gente puder compartilhar..


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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Teu Encanto..

Eugênio Sallles
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.
Presença distante nos sonhos
Dolorói por dentro e a gente
Esquece que cai e novamente
Se prende a certeza de duvidar

No rastro da chuva mansa
Espera ao silêncio do fogo
A certeza de um amanhecer
Que no acaso encontre denovo
A maneira simples de viver

Seguirei meu rumo sem pranto
Pois ocupado estou a observar
O céu do teu risonho encanto
Imenso azul feliz do teu olhar

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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sozinhos..

Eugênio Salles


Dizem que o inverno é triste.
E que a solidão também.
Há quem viva no frio.
Quem não tenha ninguém.
So lhes resta a esperança.
Distante... Fiel porém.

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terça-feira, 6 de abril de 2010

O Palhaço

Ricardo Salles
No circo dos romances
Sou feliz como palhaço
Audacioso ou sofredor
Poeta destrambelhado:

No colorido do escuro
Fica meu sonho guardado
Trancafiado em lugar seguro
Num coração voador e estabanado.
Quanto mais o perco mais o procuro

Talvez essa seja minha mágica
Das paixões atrapalhadas
Observar o sorriso
Nos olhos das amadas..


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terça-feira, 30 de março de 2010

O Casal..

Cardoso.

-Insensível. Esqueceu o aniversário do nosso terceiro beijo.
-Exagerada. Adora lembrar justo quando eu esqueço.
-Mentiroso. Sempre se fazendo de vítima.
-Escandalosa. Só quer armar barraco.
-Imaturo. Não é capaz de reconhecer minha necessidade de carinho.
-Rancorosa. Igualzinho sua mãe.
-Cafageste. Minha mãe não tem culpa de você ser um ignorante.
-Desesperada. Devia me agradecer por ter te desencalhado.
-Grosso, estúpido, frouxo...
-Estérica, mimada, caída...
-Você não me ama mais?
-Hoje não te amo... Mais que amanhã...
-Você disse isso ontem...
-O quê? Você acha que eu não to mais gostandinho?
-Desculpa...
-Você me desculpa antes?
-Ai que lindinho amor.
-Boa noite florzinha.. inha.. inha..
-Boa noite amado... Amanhã é nosso aniversário, adivinha de quê?
-É...
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domingo, 28 de março de 2010

Sonhos..

Ricardo Carvalho
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Decidi escrever um romance.
O problema é que ele não existe.
Se existir um dia,
Não posso confirmar.
Acho que estou dormindo.
Os sonhos se encarreguem,
Da história elaborar.

Não sei por onde começar.
Das maneiras já iniciadas,
cansei de tristezas ao terminar.
Dessa vez tudo pode ser novo.
Minha espera não ousa desanimar...

Ela tem um sorriso encantador,
olhos que brilham para o luar.
Confusa,  com algo a desvendar.
Talvez criança. Talvez mulher.
Capacidade simples de ser singular

Na madrugada eu teses a elaborar.
O que foi o que não é.
O que deve ou acontecerá.
Sujeito tolo eu, somente observo.
Algo me aflige, talvez a ânsia
De ver o tempo passar.

No meu sonho lhe explico das estrelas,
do significado que podem carregar.
Elas são presente pra quem sabe amar.
Por isso caem tão poucas.
Mas elas não param de brilhar.

Devia eu parar com minhas histórias sonhadas e logo acordar?
Quem gosta não espera, o belo não se deve aprisionar.
A vida é breve, dedicada aos audaciosos que decidem arriscar.
Mas deixa estar, tudo acontece ao se revelar.

As coisas não tem rumo certo, estão sempre a modificar.
É o segredo pra ser diferente a cada dia que brilhar..
Talvez a resposta seja a dúvida..
Não quero acordar..
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quinta-feira, 25 de março de 2010

Os Animaizinhos e Suas Funções

Eugênio Salles

Na reunião dos animaizinhos eles discutiam sobre os afazeres de cada um.
A vaca, tinha cansado de pastar e dar leite.
A galinha não queria mais milho em troca de ovos.
O grilo queria trabalhar um pouco, já que sua musica, não era mais valorizada.
Queriam trocar suas profissões.
O gato logo sugeriu que votassem, e assim foi prontamente apoiado pela raposa.
O cachorro discordou, estava por dentro das opções de seus donos e não queria votar.
Resolveram então um a um expor sua opinião e cada uma delas acrescentou algo na proposta de todos eles.
Assim decidiram:
As vacas poderiam voar, seu rabo ajudaria na tarefa e assim em bandos elas poderiam migrar para melhores pastagens.
O elefante assumiu o posto do cachorro, tinha tamanho para defender seu dono e grandes ouvidos para lhe escutar.
O leão trocou de lugar com sua caça, assumindo o posto do veado, mas acabou desistindo e decidiu por fim pelo puleiro no lugar do galo, rugindo pra acordar todo mundo no amanhecer..
O papagaio agora tinha os deveres do grilo e assim, além de musico, era cantor..
E eles não viveram felizes para sempre.
Eram felizes até o momento que decidiam mudar tudo novamente.
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segunda-feira, 22 de março de 2010

Saudade..


“A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”.
Rubem Alves

A saudade se esconde em um lugar qualquer...
E, assim, não é lembrada.
Aparece de repente, sutil, porém escancarada
Disfarçada no olhar...
No sorriso doce da paixão encontrada.

Talvez habite a indefinição,
E permaneça solitária..
Talvez, surja mansamente, receosa, com cuidado.
No dia inoportuno, quando não se pretenda enfrentá-la..

A saudade escondida em um lugar qualquer, volta pra explicar:
Lá longe, longe de tudo que possa ser lembrado, está presente o passado..
Ele vem mostrar que calou aquilo que está guardado..
Saudade! Disfarce do desejo, alegria, desespero velado?

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quinta-feira, 18 de março de 2010

Peleias

BIGODE

Nunca gostei de morar na cidade, quem gosta de aglomeramento é mosquito tchê.
Mas depois que os pilas me faltaram, eu afivelei a guaiaca e remanguei as bombacha pro lado de cá do rio.
Ando mais perdido que gaiteiro em velório.
Eu grosso que nem palanque, ficando num apartamento que mais parece um puleiro.
Mas Bueno, historiemos.
As coisas começaram simples, e já ficaram cabeludas.
Onde é que já se viu uma casa sem lenha? De que jeito eu esquento água pro mate?
Prá fazer fogo tive que desgalhar uma cama a machadada, achei sem fundamento essa mania de dormir dependurado, pra que melhor que o chão?
Pra piorar descobri uns tal de eletrodomésticos.
Sujeitinhos bicudos.
Logo que conheci esses Taura, percebi que boa coisa não eram.
As idéias me assopraram no ouvido: “não meche com esses gaudério”
Deviam ser do “CTG da Tecnologia” que escutei no rádio uns tempos atrás lá em Bagé.
Resolvi ir debreiado no serviço com eles.
Os viventes tinham estampado na testa a marca de família, umas família que nunca ouvi falar: Eletrolux, Brastemp, Toshiba..
Mas eu não tenho medo de cara feia, nem de tormenta que ronca alto..
Encarei os gaudério de frente, louco por uma peleia.
A situação foi piorando quando liguei a tal de televisão. Só apareceu um bando de grosso metido a posudo. Não me escutaram nem me deixaram falar.
Teve ainda a lenda do microondas.
O tal de microondas resolveu me apronta uma faisqueira quando carquei a panela de feijão lá dentro. Mas dizia bem grande: “cozimento instantaneamente”. Virou lenda.
Atestei que morreu das faconadas que levou.
Também tive de usar meu laço pra amarrar a filha do seu Electrolux. A tal máquina me propagandeou que lavava minhas pilchas. De cara começou girar os pistão e percebi na hora que ela ia sair voando, calculou que eu erra um trouxa. Tava ela querendo espalhar pelo prédio meus trapos tudo. Pronto e de ligeiro peguei do meu laço e a amarrei no palanque do pé da mesa. Nunca mais se mexeu. Mas que eu domei, domei.
Outro metido é o japonês do telefone, tal de Toshiba. Já furei o vivente à bala e ele não desiste, apita dia e noite.
Eu to aprendendo e talvez até leve jeito pra lidar com essas tecnologias.
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terça-feira, 16 de março de 2010

Os dias..

Ricardo Carvalho
E eu vou vivendo..
Sofrendo em segredo
Minha solidão.
Silêncio profundo..
Morrendo de medo..
Sua indecisão..

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sábado, 13 de março de 2010

Onde Você Está?

Ricardo Carvalho
Perco minhas palavras, devo dizer algumas contradições..
Talvez pelo efeito da triste melodia na vitrola, que repete a dias a mesma canção..
Por que você foi? Nem disse tudo que queria ver você ouvir.
Lembro que encontrei seus olhos, reparei seus lábios.
Atraído, mudo frente seu falar.
Tive receios do seu encanto, de seu sorriso a me encarar..
E assim, derepente, queria ela sempre por perto e nunca ficava muito tempo dela ausente.
Passamos horas em algum outro lugar, que jamais devo voltar a encontrar.
Qualquer lugar não comum, a simples complexidade de sua presença somente..
Seus gestos, seus desejos, a brisa a nos tocar..
Eu peço por favor, não vá, volte...
Na estrada, uma curva simples, a força da chuva, altas horas, não consigo mais lembrar.
A história trágica, que nos fez vítimas, sem perguntar se queríamos dela participar..
Silêncio profundo e distante em meu peito a gritar, seus olhos se fecham, imploro, espere, não vá..
Súbitos reflexos, luzes, a despedida na ultima lágrima, ultima lembrança que pude lhe dar.
Olhei pra você, soube naquele instante que o reencontro pode demorar.
Não precipitei que fosse tudo tão distante, me desespero ao pensar.
A chuva molhava seu rosto, e eu tinha pouco, quase nada a explicar.
Assisti no reflexo de seus olhos, as cenas, as lembranças, que jamais podem se apagar.
Em algum lugar, insistentemente procuro tudo em que possa talvez te avistar.
Se vão os dias tentando eu esse mistério desvendar.
Aos poucos consigo te observar..
Sinto seu perfume nas flores, sua presença nos sonhos..
Alguma musica velha e devagar, ouço sua voz a cantar.
Percebo um brilho maior nas estrelas, vejo seus olhos no luar.
Encontro finalmente seus pensamentos junto ao infinito do céu..
Devido local para te abrigar..
Te espero, como sempre fiz, até o dia em que possa lhe encontrar..
Saudades meu amor, escrevo sem esperanças que vá ler..
Mas na certeza que pode meus versos escutar..
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domingo, 7 de março de 2010

Amor prá vida toda...

DR. Cardoso..
Sempre achei um absurdo a idéia de amor pra vida toda.
As coisas acontecem, passam e são lembradas. Algumas por mais tempo, outras por menos. A gente se apega demais às coisas, pensando que serão para sempre nossas e, como se isso não bastasse, exigimos que as outras pessoas também pensem desse modo.
Acreditando que é cômodo namorar, carrego uma leve indignação contra o sentimento da paixão. 
Talvez, seja implicância com essa babaca do caramba... A tal paixão acontece mas, logo dá as costas e some.
Talvez, seja pelo fato de que nunca estivemos próximos o suficiente...
Eu sou o único cara que com 67 anos ainda pode dizer que é da mamãe...
Entro em pânico diante da idéia de que as pessoas se complementam, são feitas uma para outra.
Ninguém se completa, se você está esperando o James Bond prá lhe tirar do Titanic que é sua vida, esqueça querida! Quer resolver seus problemas, melhor agarrar-se na bóia dos seus sonhos, tendo em mente que a água da rotina é gelada.
Pessoas existem para serem felizes, pena que na primeira esquina esquecem disso e resolvem importunar alguém que está ali, tranqüilo...
- E aí será que rola um sentimento?
- Ai que amor, ela disse que me ama... E daí? Eu gosto de cachorro quente, adoro futebol e tomo banho 2 vezes por semana. Ela adora comidas saudáveis, diz que futebol é coisa de ogro e só sou o amorzinho dela se tiver cheiroso a creme..
A intensidade do sentimento que nos atrai é a mesma do desinteresse que nos distancia.
Nos atraímos, mas por conta de não sei o que nos distanciamos.
Pessoas se gostam ou não. Não existe meio gostar.
Eu pensei que pudesse namorar com minha ultima paixão sem ela saber, mas não rolou. Safada, me traiu. Tive de terminar. Olhei pra ela e...
Gorda, recalcada, torta do caramba, vai ficar pra titia.. Pensei...
Ela nem soube mas eu terminei e o bom é que foi tudo numa boa, ela nem reclamou. Melhor assim, odeio chatear as pessoas.
Se as coisas rolam, rolam, se não rolam, não insista, não chore, não ligue, jamais ligue, não implore, não se perturbe, nem se veja culpado.
Se existir sentimento, de fato, ela vai voltar.
Algumas pessoas precisam da ausência pra valorizar a presença.
Afinal, as pessoas são livres e têm direito de não se apaixonar (tem?).
Você tentou, foi sincero, simpático, agiu de forma sensata.
O que importa é esse alguém querer estar contigo.
Isso é o legal da coisa: gostar de estar gostando.
Não existe fórmula pra deixar de ser solteiro.
Pode até tentar comprar ou se vender a alguém à troco de jóia, carro, grana...
Mais hora, menos hora você vai ser vendido ou trocado da mesma forma, mas por um simples olhar ou poema rabiscado.
Pior que querer ser feliz a qualquer custo com alguém, é pensar que esse alguém é perfeito. O perfeito não existe. Senão, o que seria das clínicas estéticas se ninguém tivesse defeitos? Ou pior, o que seria da gente se tudo estivesse completo. Qual seria a graça? 
Pior que querer lutar por algo que não existe é dizer que se está com dúvida.
A dúvida é a única saída para aquilo que ainda não possui resposta. Então, o problema é dela, sua parte é querer esperar ou não. Nada de drama.
Ah! Antes que eu esqueça, tem aquele tipo de pessoa que acha pertencer a infinitos recantos celestes. Ficam com você por dó, piedade, para lhe ajudar, não deixar sofrer na solidão.
Que mal tem estar sozinho? No máximo, você será sempre sorteado pra lavar sua louça, mas demais a mais, só viemos, só partiremos.
Que medo é esse de se ver sozinho? Pulando de um caso pra outro?
Dor maior que a solidão, só a dor de gostar de alguém que não está nem aí pra você.
Entre tantas pessoas, existe ainda o tipo que não está a fim de se envolver, que deveria estar preocupado, não em distanciar-se dos romances, mas sim em encontrar desculpas um pouco mais convincentes pra dizer que não tá afim, que você é uma moça bacana, mas ele prefere a safadinha, sua tonta. E isso é direito dele.
Ah! Tem também aquela bela desculpa do amigo íntimo. Ele e só meu amigo. Esse cara sim é um cara de sorte. Ele tem tudo, pena que não quer nada. Geralmente você é caidinha por ele e ele nem aí prá você. Tola! você não pode namorar, mas pode ser a amiga? ora, que mal tem? Acho que o final ninguém sabe quem engana quem e o que  realmente se quer.
Mas..
Se ela lhe quiser, parabéns, você é um cara de sorte, o pára-quedas é seu, coloque e salte. Mas não esqueça de pelo menos, duas coisas:
1) No Material do pára-quedas tem que estar em letras grandes: RECIPROCIDADE AMOROSA;
2) Quando estiver quase lá embaixo, será necessário puxar a cordinha chamada semancol. Na queda, se não abrir o equipamento, você cai de boca no chão e os ferimentos são de grave a irreparáveis montas.
Tem alguns casais que de medo, abrem o pára-quedas antes de pular. E aí ficam a queda toda a descer mansamente, no morno conforto da tranquilidade. Limitam-se a ver o tempo passar. E aí, conseguem achar defeitos um no outro, tornando a viagem longa e cansativa, desgastante como agradar o sogrão no primeiro almoço da família.

Nada como eu. Que ganhei um celular há algum tempo, e tem uma mulher que vive me ligando. Ela me ama, eu sei. Só que isso incomoda um pouco... Minha mãe acha que eu tenho que atendê-la a todo instante.
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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Era uma vez...

Eugênio Salles.
Não! Essa história ainda será.
Eis que diante do árduo fardo de vivenciar férias, estava eu a deriva planejando tranquilidades, quando por acaso encontro-me atolado numa terrível tarefa de organizar meu simples espaço, que denomina-se, hora escritório, hora quarto, as vezes sala...
Numa dessas traquinagens de paralisar o compromisso, observando objetos antigos, dei por encontrado um livro, velho, mas quase novo por nunca ter sido lido.
Tive pena do livro. Triste escritor esquecido, seu livro datava de uma época distante, quase remota. É estranho perceber que ele não tivera sido deliciado, lembrado com prazer, revirado e folhado por alguém. De alguma forma me aproximei do camarada.
Ele tinha criatividade em seus escritos, sendo ele alguém que possivelmente vivia as andanças com suas próprias perguntas.
“...Aquilo que não vives, jamais poderá explicar, aquilo que não sonhas, jamais poderá compreender, aquilo que não compreendes, explicado estará...”
Falava de um mundo distante, próximo ao da carochinha, da terra do nunca, dos contos de fadas. Descreveu como um povo que vivia numa antiga era, quase impossível imaginar. Coisas absurdas, falava ele desse planeta distante.
"...Num lugar muito muito distante, vive alguém que não reconhece noticias de tão distante que é lá. É o lugar do tudo pronto, e noticias talvez nem precise se necessitar. Quando algo novo surge, já tem tempo de velho se tornar, é tudo tão rápido, que o rápido, atrasado é por lá.
Nesse mundo longe da terra, pouco se faz a não ser trabalhar. Trabalham por comida, porque sem comida ninguém pode trabalhar. Triste vício, círculo de seu rotinar.
Pouco se muda, nada se acrescenta por lá, é sempre o mesmo mundo, com poucas coisas a se ressaltar.
Não é um mundo parado, vivem as pompas das novidades que acabaram de inventar, chamam de tecnologia, antes de amanhã, sucata virar.
Existe ainda uma tal recompensa para quem estupidamente se esforçar, pena que quem trabalhava não saiba que a palavra recompensa deva significar. Dizem que é algo muito valioso e que sendo justos todos um dia vão ganhar, praguejam sobre uma tal economia, achando que basta simplesmente severidade em seu economizar, cortam suas despesas, afirmam que quem espera sempre alcança, não pestanejam para se beneficiar. Atropelam preceitos, fazem de sua vida um eterno lucrar. Lucram com tudo, achando que de tudo, ouro pode jorar, mas esquecem que a morte, não deixa ouro levar.
Nesse mundo bem distante, tem algo parecido com regras, semelhantes as que existem por cá, mas lá, diferente daqui quase nada funciona, depende muito de um tal sobrenome,poder de influência, e uma coisa estúpida, que apelidam de”prestigiar”. Quase dessa forma, criaram uma lei de maioria e assim escolhem quem deve governar... Dizem ser assim e assim sempre será por lá.
Tem ainda, uma coisa impossível de se imaginar. Os homens, se dizem melhores e todas a coisas vivem a coordenar. Mulher so ocupa alguns espaços, mas desde que seja espaço reservado para mulher, são os chamados espaços e “trabalho” de mulher.
Esse é o mundo distante, de carrochinhas, de fadas, todo de mentirinhas. Lá sim é a terra do nunca, e dificilmente em algo pode se acreditar. É muito longe de nosso espaço, e que as vezes de ET´s vivem a nos chamar, nos criticam por morar na lua e se acham superiores ao resto do sistema solar. Tem lugar melhor que morar na lua, alguém pode citar?"
Emavalda Raios - Lua, 4.675 A.T. (Antes da Terra)



Estranho perceber que alguém pode estar falando de você.

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ficará em Segredo

Não quero falar.
Quero que leias baixinho,
Quase em silêncio seu pronunciar.
Talvez assim seja profundo.
E chegues ao seu pensar.

Vou embora.
Não quero atrapalhar.
Só confundo você.
Não desejo te magoar.
Não agi com razão, preferi arriscar
Dizia você de um penhasco.
É escuro cá embaixo, desejo lhe informar.

E assim irei partir.
Numa noite indiferente.
Nos braços de uma madrugada.
Junto aos dias que passam
Menos dias junto a ti.
Tentando jamais voltar.
Desejando um encontro.
Daqueles sem pressa pra terminar.

Talvez seja uma partida forçada.
Dessas que poderia se adiar.
Companheira da esperança.
Fiel escudeira do gostar.

Não levo tudo de mim, deixo muito pra você.
Levo muito de ti, pra jamais te esquecer.
Não pense que fui por não te querer.
Seu medo, meu medo, nosso medo de ousar...
A partida pode ser um encontro do que estamos realmente a procurar.
Sobra somente uma despedida.
Quando deveria convidá-la a um passeio.

Terei medo de perdê-la.
Para um abraço de outro rapaz qualquer.
Coisa a toa, sentimento tolo que você encontrar.
Já que não consegui convencê-la do que poderia ofertar.

Fugirei do encontro dos seus olhos.
Carregando poucas coisas, na mala pesada.
Quando o que mais queria era tela como amada.
Levarei junto a mim lembranças e um poeminha sentimental
Do tipo bastante brega, muito babão, quase desconsolado.
Mas pouco meloso, sem rosa ou chocolate no final.
Nada triste como ervilha, pimentão ou orkut roubado.
Quase irônico, para vossa excelência magistral.
Mas é bem rimadinho, pra te desejar Bom-Dia, todo Dia.
Pra você que de saudade me faz rir, mesmo longe é minha alegria.”

Podes não perdoar a partida.
Mas poucas alternativas me sobram.
Deixarei tudo em segredo, guardado nos meus pensamentos.
Mais especificamente nos meus sonhos.
Trancafiado pelo silêncio e a indecisão.
Vigiado de perto pela solidão.

Sinto saudades do que ainda não conheço.

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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sobre desenhos e fotografias...

Eugênio Salles

Permita que eu feche os meus olhos, pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora, e cantando pus-me a esperar-te.
Permita que agora emudeça: que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio, e a dor é de origem divina.
Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo
e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo".
Cecília Meireles



Ora Bolas!
Já afirmei decididas vezes que escrever era algo triste e solitário, por vezes doloroso.
Disse que quando estivesse feliz, com tudo realizado, estaria descansado.
Vivendo intensamente, escrever não mais seria meu fardo.
Poderia sim, dedicar meu tempo para criar, criticar,
sonhar diante de minhas próprias histórias.
Observar a perfeição do desenho de cada dia, ao amanhecer.
Porém, ouso voltar atrás e desdizer o que havia dito.
Quero compor meus versos decididamente.
É que há dias o desejo ardente de conhecer a vida,
Passou outra vez a fazer parte do meu viver.
Tenho muito a dizer ainda, mas neste momento
quero é compreender... Compreender nem sei o que...
Talvez, o mistério de caminhar, encontrar e desaparecer.
Diz o poeta que “a vida é a arte do encontro,
embora haja tanto desencontro pela vida”.
Todavia, para os mais audaciosos, “O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.”
Confuso, não? Viver deveria ser mais atraente.
Aquilo que foi agora volta novamente.
Viver é um oficio de quem não tem melodia, rumo certo ou pontaria.
Viver é acordar e dizer, que seja um bom-dia...
Vou rever a amada, vou melhorar de minha agonia.
Serei mais forte, serei mais calmaria.
Terei paciência, usarei da ousadia.
Olharei em seus olhos e perguntarei, queres a partida ou
a simplicidade de minha companhia?
É assim a vida... Muitas perguntas em cada nova resposta.
Desenhos tantos, onde em cada traço ou rabisco,
viver e escrever se encontram prá anunciar: escrever é bom sempre.
Aflição, dor, agonia, desejos de felicidade compartilhada, momentos de alegria.
Escrever é desenhar a vida e todo desenho pode tornar-se fotografia.
E o mais interessante: “o que vai ficar na fotografia são os laços invisíveis que havia...”



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