quinta-feira, 18 de março de 2010

Peleias

BIGODE

Nunca gostei de morar na cidade, quem gosta de aglomeramento é mosquito tchê.
Mas depois que os pilas me faltaram, eu afivelei a guaiaca e remanguei as bombacha pro lado de cá do rio.
Ando mais perdido que gaiteiro em velório.
Eu grosso que nem palanque, ficando num apartamento que mais parece um puleiro.
Mas Bueno, historiemos.
As coisas começaram simples, e já ficaram cabeludas.
Onde é que já se viu uma casa sem lenha? De que jeito eu esquento água pro mate?
Prá fazer fogo tive que desgalhar uma cama a machadada, achei sem fundamento essa mania de dormir dependurado, pra que melhor que o chão?
Pra piorar descobri uns tal de eletrodomésticos.
Sujeitinhos bicudos.
Logo que conheci esses Taura, percebi que boa coisa não eram.
As idéias me assopraram no ouvido: “não meche com esses gaudério”
Deviam ser do “CTG da Tecnologia” que escutei no rádio uns tempos atrás lá em Bagé.
Resolvi ir debreiado no serviço com eles.
Os viventes tinham estampado na testa a marca de família, umas família que nunca ouvi falar: Eletrolux, Brastemp, Toshiba..
Mas eu não tenho medo de cara feia, nem de tormenta que ronca alto..
Encarei os gaudério de frente, louco por uma peleia.
A situação foi piorando quando liguei a tal de televisão. Só apareceu um bando de grosso metido a posudo. Não me escutaram nem me deixaram falar.
Teve ainda a lenda do microondas.
O tal de microondas resolveu me apronta uma faisqueira quando carquei a panela de feijão lá dentro. Mas dizia bem grande: “cozimento instantaneamente”. Virou lenda.
Atestei que morreu das faconadas que levou.
Também tive de usar meu laço pra amarrar a filha do seu Electrolux. A tal máquina me propagandeou que lavava minhas pilchas. De cara começou girar os pistão e percebi na hora que ela ia sair voando, calculou que eu erra um trouxa. Tava ela querendo espalhar pelo prédio meus trapos tudo. Pronto e de ligeiro peguei do meu laço e a amarrei no palanque do pé da mesa. Nunca mais se mexeu. Mas que eu domei, domei.
Outro metido é o japonês do telefone, tal de Toshiba. Já furei o vivente à bala e ele não desiste, apita dia e noite.
Eu to aprendendo e talvez até leve jeito pra lidar com essas tecnologias.
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