sábado, 30 de maio de 2009

Camisola Gertrudes

-BIGODE:

Tem vivente que é que nem melancia quente, é loco pra fazer mal pra alguém.
Lembro de um causo que me arremete às proezas do seu Alcides, casado com a Dona “Camisola Gertrudes”, Gertrudes de batismo, mas Camisola só depois de casada. Nunca ninguém soube direito sobre o fato, mas bocas grandes comentam que Camisola foi um acontecimento prá lá de verdade verídica.
Aconteceu que num tal de dia o velhinho levantou pé que te pé da cama e rumou prá bacia lava a cara antes de ceva o verde. Tudo dia era assim... Mas naquela segunda-feira depois do domingo no bolicho, ainda tava meio revesguiado das andança macanuda.
Quando se alinho na postura de homem, véio, mas de postura, viu um vulto vindo pros lado dele. Coisa horrível de feia, que o pobre teve vontade de se apinchá pela janela... Mas fico firme, que nem palanque em banhado. Deu de mão na tranca da porta e volto de ré, lôco pra fincá nas orelha do bixo. Sentiu os pelo arripiá tudo, da bica das orelha ao canto dos garrão. Quando viu, caiu mole no chão.
Bobo do véio, nem era uma assombração, acontece que ele levanto da cama corrido e esqueceu de coloca os óculos, no relance e sem as “lente de armação”, não conheceu a Gertrudes, que tava em pelo. A Véia tentou se explicar de tudo quanto foi manera, pois não queria assusta o véinho. Será que custava ela não andar pelada pela casa?
Depois do acontecido, quando o véio ficava bravo resmungava:
-“Camisola Gertrudes”...

É prego na bota...

domingo, 10 de maio de 2009

Os Versos..

_
Talvez eu pudesse dizer um verso romântico, não desses tolos que se vê a todo instante.
Seria romântico, mas diferente...
Talvez eu pudesse dizer um verso grande, grande verso, desses que se vê guardado na estante.
Seria grande, mas seria diferente...
Talvez pudesse dizer um verso que não fosse romântico, nem muito grande e nem declamado.
Seria um verso gritante, daqueles revoltosos que se diz na praça, cantado irradiante, na frente da autoridade, xingando o governante, em meio a lágrimas de justa raiva.
Seria romântico, grande e declamado, mas seria diferente...
Talvez fosse verso sem rima, cansado de tanto rimar, de tanto viver fingindo, de tanto correr prá viver.
Seria romântico, grande, declamado, verso rimado, mas seria diferente.
Diferente seria se pudesse dizer um verso que não fosse apenas verso, que não fosse somente romance, tampouco verso de se ter guardado na estante...
Talvez pudesse ser de alegria, mas que não fosse cantado e nem como os de sempre, que insistem em ter melodia, rima certa e marchas de bateria...
Talvez nem verso com rima seria.
Mas...
Meu verso seria sonho, com rimas da vida.
Não seria meu, de você, ou dele.
Seria diferente, pensado, escrito e declamado por nós.
Seria ele pra sempre um verso vivido por todos...
Quem sabe, o maior do mundo.
Dito a todos, aclamado por muitos, exaltado por milhares.
Seria, enfim, um livro, escrito com lealdade...
Palavra rimando com liberdade.
Prá ser grande, seria simples, nada de dificuldade.
Seria o verso da vida, que rima diferença com DIGNIDADE....
.
.
.
Dr. Cardoso
__________________________________________

JUNTOS E ENTERRADOS, MAS NEM MORTOS CALADOS..
__________________________________________