domingo, 20 de dezembro de 2009

Prá Ser Gaudério não precisa ser Gaúcho

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BIGODE..


Gaudério de respeito, que se preza, se identifica pelo nome.
De jeito e maneira um gaudério das estâncias vai poder se chamar Jack, Jayson, Wilians...
Nome é sinônimo de respeito, tem de fazer medo prá tormenta, esparramo no entrevero, alvoroço entre as prendinhas.
Nome prá ser nome, tem de fazer fechar bolicho, atordoar casamento, atrapalhar até mesmo em velório.
Nome de fato, tem de ser peitudo: Adamastor, Juvêncio, Setembrino...
Ah! E antes que eu esqueça, prá ser Gaudério não precisa ser Gaúcho.
Gaudério de respeito, que se preza , é conhecido também pela profissão.
E não me venham com essa de dizer que prá um Gaudério que se preze não pode isso, não pode aquilo, que causa desconfiança caso decida se tornar cabeleireiro, manicure, massagista, estilista.
Barbaridade! Mas que bobagem tchê.
Tanto pode, como deve ser o que bem entender.
Rapo meus trocos apostando que se a gauderiada assumisse os controle desses brique, ia ser um Deus nos acuda. Não duvido até mesmo de uma revolução, a “revolução das bombachas”.
E olha que seria a segunda maior do MUNDO, perdendo somente para a Farroupilha, é claro.
Bueno! Imagine cabelo cortado a pitaco de facão, depilação feita a leves toques de dentada. E massagem, então, suavemente a tapa, soco e beliscão. Aposto que iria afrouxar tudo no vivente. Duvido que não iria relaxar.
E tem mais: serviços de manicure com adaga de desencravar. Eta Gaudério eficiente e inovador, com as técnicas de lavagem a cuspida e secagem à base do assoprão.
Tem ainda a tal tarologia, feita de maneira moderna, chutando pedra e tirando destino das rachadura do garrão.
Ia ser Bueno, barbaridade, se gaudério assumisse as possibilidade das nova antiga profissão.


 
 
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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Viver..

Eugênio Salles


Existem várias formas de olhar o mundo, sugestivas maneiras de encarar a dita realidade, ora difícil, fácil, tranquila, complicada, diferente, complexa, ora simples, contudo problemática. Enfim, nossos olhares e maneiras de viver o mundo, trazem muito de nossa subjetividade.

Na particularidade de cada olhar, o certo e o errado escondem significado próprio, pois viver implica em relações carregadas de sentimentos, expectativas, sonhos, possibilidades, dúvidas, nada de certezas. Dito de outro modo, viver pode parecer coisa estranha, cujos sinais sejam pontos finais, vírgulas, interrogações.

Na linguagem poética, a vida se esconde longe, longe mesmo, na fronteira entre a noite e as estrelas, o dia e o seu brilho caloroso, o amanhecer e o ritmado e imponente batuque da chuva, bem próximo do nada. A vida se esconde no embalo do vento e do tempo que dispensa relógio, nos momentos de sutil delicadeza, nos versos de despedida, de dor ou de tristeza. E é claro, a vida habita o olhar do poeta silencioso ou declarado, olhar forte e apaixonado. Despreocupado passa os dias sem delongas, demoras e Dolores.

Na observação curiosa, a linguagem mais bela, a vida se esconde no lugar mais adequado para ela, o luar. Lá, distante de tudo e de qualquer possibilidade real, está o mistério e o enigma da lua, refletindo o olhar atento do apaixonado desiludido. Toda imponente e majestosa com sua maneira de levar as mensagens de admiração e beleza mesmo a distância, mesmo no impossível, duvidado. A lua, forte e solitária, em sua sinceridade, oferece aos românticos o incomprendível. Ela, que carrega a linguagem da dúvida, esconde o enigma de não poder ser explicada, apenas sentida.

Na linguagem da vida, podemos até encontrar sentidos guardados no olhar de retorno, no sorriso da criança, na tranquilidade do idoso, na paciência no jovem. Mas é na descoberta inesperada, na surpresa, naquela tarde de doces e gostosas risadas que percebemos possibilidades mil, escondidas no prazer da descoberta de que viver é mais que existir.

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sábado, 24 de outubro de 2009

A Distância

Ricardo Salles


Não posso ver, só posso sentir.
Tenho medo de encontrar, porém, desejo te seguir.
Tenho necessidade de ter-te, constante dúvida em buscar-te.
Por isso, observo em silêncio teu passo apressado a se distanciar.

Ela se foi como o tempo se vai com as horas, como os dias se vão com as lembranças.
Perdemo-nos à procura do encontro, na dúvida em acreditar.
Estranho perceber: das certezas nada fica, quando tudo desabar.
Teus dias viram noite, já não consegue mais sonhar.
Afinal, ninguém explica o que explicado está.
Só resta a distância e um olhar sorrindo...

Que vontade eu tenho de ir por aí...
Andar sereno, sem lembrar de ti.
A estrada que tudo leva, não me deixa olhar pra traz.
Pra não lembrar que um dia fui você, tive você em mim.

Letras nem sempre conjugam palavras,
Nessa vida sem rimas, de tristezas justificadas.
Mesmo sem tê-la, eu sei que em algum lugar tu estás.



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sábado, 17 de outubro de 2009

O Olhar Vendado..

Dr Cardoso.

Ora, era uma intrigante cidade aquela. 13 horas, tarde quente na rua General Euclides Terrão (generais sempre viram rua depois da morte, invertendo assim o ciclo de quem é pisado).
Na calçada, ali, sem muita descrição, estava Hugo Marques, o cego, quase louco, sempre zombado. Todos diziam quem não tinha serventia. Ele não via, ele não trabalhava, não comprava, de vez em quando comia. Pra que estar no mundo? A vida do velho era sempre zombaria..
Fazia algum tempo que ele não andava feliz, precisava desabafar, tinha cansado de ouvir choramingos das pessoas, pessoas adoram choramingar...
Pensava consigo:

“A formiga carrega as folhas, o formigueiro a estação. O céu e suas estrelas, o brilho risonho da constelação. Passos, marchas, movimento, luta, ideal, falácias, discussão. Onde estão nossos espaços, maldita maioria democrática do circo e pão.”

Parou, perguntando-se se era mesmo, de fato, um louco..
Resistiu, continuou pensando no passo correto da multidão:

“Normais vocês? Ludibriados, bobos, carregados com a ingenuidade da sua razão. Seus teoremas, estatísticas, modelos econômicos e projeções, riscam o passado, esquecem o presente, e seguem a antiga nova moda de rezar ajoelhados, implorando o amanhã."

Ninguém Compreendia aquele olhar curioso carregado de dúvida do velho, escondia ele alguma coisa mais além. As vezes dava medo, devia ir preso, sempre sugeria alguém..

Ele sorria e continuava na filosofia solitária.

“Ninguém vive por acaso, se preso estiver, só o corpo estará, as idéias são livres, nunca jamais serão trancafiadas. Pensou porém, nesse país nem sempre presos vão os verdadeiros culpados, em nome da história, do sobrenome, do passado, família, poder, domínio manipulado, caráter jogado no esgoto, vergonha cabe somente ao tolo, pobre desesperado, que teme, se bora, da policia, do governo, do Estado.”


Ele acabou abatido, não pela polícia, por pedras ou palavrão. Terminou sozinho no meio daquela confusão, sofrendo solitário, doendo por dentro, pagando caro até pela indiferença da multidão.
Somente uma coisa lhe deixava alegre, era cego, mas não tinha o olhar vendado..

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domingo, 27 de setembro de 2009

Tudo se Escreve..

Eugênio Salles...

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Felizes são aqueles, que tem o sonho maior que os próprios segredos.
Audazes, capazes de viver a utópica simplicidade...
Ferozes, a ponto de correr da temível rotina...
Corajosos, na indecisão da possibilidade não anunciada..
Dos dias que se passam pouco e tudo sobra: escrever.
O simples escrever sobre escrever é um tormento.
Tormento dolorido quanto a ausência da presença indispensável.
Escrever é observar...
Observar tudo, mesmo que isso não passe de uma cena, gravada e reproduzida no cenário do viver, dirigido pelos anônimos.
Ah! E o escrever pitoresco e desafinado do poema melódico...
Isso a poesia o faz tão bem, que a escrita não dá conta.
A poesia produz efeitos que não têm nada a ver com sua forma.
Já dizia o poeta: “o que os olhos não vêem o coração não sente.”
Nessa tese tudo se liga, afinal.
A escrita da vida, em forma de poesia para agradar o coração..
E assim, tudo se escreve...
A letra do poeta para amada que se foi, deixando-o só.
O drama da multidão que se escreve na pena da dor.
A falácia do discurso mediante a inexistência da ação.
Enfim, se escreve sob o peso da culpa e do sofrer.
Pois...
Quando tudo estiver bem não será mais necessário escrever.
Estaremos preocupados demais em viver.
E tudo será escrito, não, desenhado então...
A história desenhada nos olhos de um amanhecer...


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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O Mágico, o Palhaço e a Flor..

Eugênio Salles..
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O Mágico era velho, não tão velho para ser cansado, mas nem tão novo para andar empolgado.
Tinha um sorriso amarelo e um olhar profundo, não distante, nem muito decido.
Era um olhar profundo e confuso..
Olhar que lhe aproximava do palhaço..
Sim, o mágico era amigo do palhaço e os dois eram conhecidos do acaso..
O palhaço era magro, robusto e calmo no andar..
Poucas dores no sorriso, muitas decisões no olhar..
Era forte e sensível, mistura difícil de imaginar..
Palhaço estabanado, jeito simples e “falar” espanhol..
-“Señoras e señores”, assim dizia o palhaço..
Andavam labirintos pelos caminhos que passavam. Não eram caminhos perdidos, muito menos traçados.
Era mágica a melodia do palhaço e risonha a audácia do mágico..
De pé em pé caminhavam sem Dolores, assim a vida era um circo, o palhaço, o mágico e o espetáculo..
Não tinham segredos. Não tinham moedas. Não tinham muitos medos.
Eles tinham versos, histórias, melodias..
Gostavam de dizer que seus dias eram ventos, não sem sentido ou furação, mas ventos que mechem, remexem, desfazem e, por vezes, constroem...
Seu palco era a rua no silêncio, esperando a tradução.
O Palhaço dizia sorrindo, irônico e gritão:


- “Creo en la suerte, no dudo de la muerte, hago de mis dias las noches, para asi, poder vivir a soñar...”


O Mágico, pouco falava (mágicos observam e quando menos se espera, transformam), dizia apenas:


- “Confiança nos passos, audácia no amor, minha vida é uma arte, minha mágica não tem dor. Dias bem vividos, perfumes e valor, não falo, faço versos do vento e da dor, carrego o choro, a saudade, e transformo, quando preciso, sofrimento em flor."


Assim iam eles pelo mundo, o palhaço, o mágico e o céu...
Não eram sozinhos, nem sem valor. Deixavam saudade, deixavam histórias, o mágico, o palhaço e a flor..

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domingo, 16 de agosto de 2009

Para Não Entender...

Ricardo Carvalho
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Quando os olhares não correspondem às ações,
Quando os sentimentos não correspondem às palavras...
Sobram ilusões, aumentam as (in) decisões...
Falta algo, talvez, a companhia.

O Buraco passa por momentos difíceis, uma espécie de crise de identidade.
Afinal, tudo muda, a toda hora, a cada minuto.
Mas, leitor@s assídu@s compreendem...
Quando o sol não nos agrada e a vida nos deixa sem jeito, o melhor é esperar...
Após o sol, quem sabe, venha a chuva.
O que já foi combinação, torna-se, hoje, dúvida.
Dura contradição...

Insistem elas em dizer que sabem sobre o amor...
E mais, que os homens, insensíveis e incapazes de perceber são os ogros da situação, não têm a menor percepção...
Cá entre nós, leitor@s, exageram na melação, se perdem na insensibilidade.
Não por coincidência, as mulheres, sombras noturnas,
Carregam algumas verdades, tudo mais é contradição.
Ora vejam, complicado para nós.
Janaína! Pensei que fosse Jean.
Nem sei se quero compreender.

É consenso entre as amigas dizer que se afastaram dos relacionamentos.
Ele é incrivelmente perfeito, mas não é o que desejo para mim.
Desprezam quem está a seus pés, acreditando em alguém no pedestal.
E não me venham com aquele papinho pífio: “[...] é do ser humano querer o inatingível, o que está fora de seu alcance”.
Mentira! Homens e mulheres têm desejos tantos,
Ofuscados, quando o dia amanhece, apenas para não lembrar que a noite foi do tamanho do sonho...

Corremos, enquanto algo nos persegue.
Perseguimos aquilo que não se deve.
Cada vez mais me convenço que não existe a tal maneira correta de se conquistar, estar junto, e sim a tal situação inesperada, mal calculada, e que, infelizmente não depende de ninguém..
Se o amor acaba, será que um dia existiu?
Nem por isso, deixamos de acreditar nele...

AMOR...
Agora estou sem resposta.
Mas, o amor é prá ser explicado?
Prá ser tão desejado,
Seu sentido não está exatamente no seu não saber porquê?

AMOR... doce combinação...
Dúvida, segredo.
AMOR é contradição...
Por que não?

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♪♪ Last Kiss.. Pearl Jam
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domingo, 21 de junho de 2009

A Chuva...

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EUGÊNIO SALLES:
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Como era difícil pra ela entender das coisas que aconteciam ao seu redor...
A vida terrena tão pouco se modificava e a vida suprema tão pouco lhe convencia...
Conheci ela no inverno de 1987, era jovem e bela, tinha o andar detalhado de quem sabia a estrada desejada e me deixou um olhar que talvez jamais encontrei em outro alguém.
Eu nada tinha a perder naquela tarde chuvosa, resolvi andar de chinelos e bermudas pra tirar das costas o peso de minha rotina e sentir na pele o vento frio que soprava. Quando percebi estava eu sentado em no banco da rua Odorico, próxima ao edifício onde morava. Pensava em tudo que me trazia até ali, e sobretudo no que ainda desejava buscar. Talvez por dentro me sentisse triste por achar que tinha deixado de lado grande parte de meus sonhos e planos da juventude, mas tinha a certeza de que de nada adiantava minhas queixas se elas irremediáveis ali seriam.
A chuva aumentava de intensidade conforme o passar dos minutos. Eu que sempre achei a dança da água magnífica, pouco me importava com o mundo ao meu redor. Foi então derepente, que do meu lado sentou-se uma moça de tamanho robusto, trajes negros e compridos com um gorro na cabeça. Estava toda encharcada com a água da chuva e não se importou muito com minha presença. Ficamos estáticos por algum tempo, sem dizer nada um ao outro, o silêncio foi nosso cumprimento. Pensava comigo que talvez devesse tomar a atitude de iniciar uma conversa ou ao menos lhe oferecer o guarda-chuva. Não foi necessário, ela se abraçou em meu corpo e disse que pensava em demasia na água, via nela a fortificação de uma tempestade e simplicidade de uma gota.
Eu não conseguia lhe ofertar nada em palavras, muito menos em atitudes, deixava a falar e me sentia feliz ao ver seu pleno prazer em se comunicar com um velho, sentado sozinho na rua deserta, numa tarde de quinta-feira.
Sem demoras me contou de toda sua vida e de todos seus amores, estudos e empregos, todas suas batalhas, decepções e covardias. Me falou de seus pais, e dos irmãos que a muito tempo não via, me disse de seus anseios e de tudo que lhe magoava.
Pensava em suas palavras e de como aquilo era importante para ela, e seria mais ainda para mim. Imaginei ser aquele o momento que a tanto tempo buscava dentro de meus sonhos, o momento de dizer de tudo que em mim trazia, e ali com ela compartilhar, talvez algum bem me faria...
Num estalo de coragem levantei meus olhos e fixo no olhar dela perguntei:
“...Que fazes você com seus sentimentos dizendo-os ao vento e na chuva, transformados em palavras e dirigidas a um velho?”
Ela sorriu, e me disse:
“...O segredo da chuva é pensar que quando ela passar tudo se renovará, tudo pode nascer novo e os sonhos dela brotar. Velho em seu olhar o senhor nada tem, deixe que com a chuva se vá todos seus problemas ou desdém, deixe que com a chuva se vá aquilo senhor, que a muito tempo não lhe faz bem... Tinha de lhe dizer das dores que carregava, daquilo que por dentro me magoava, das saudades que a muito tempo carregava, dos planos que a muito tempo não sonhava. Eu precisava na chuva, senhor, sair de alma lavada...”
Não tive tempo de dizer mais nada, ela se levantou e nem ao menos me disse adeus, me deixou um olhar que nunca mais encontrei, me deixou a lembrança que pelo resto de meus dias imaginei, me deixou um momento que jamais esquecerei...
(Noites mal-dormidas, Perfumes inconfundíveis)
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sábado, 30 de maio de 2009

Camisola Gertrudes

-BIGODE:

Tem vivente que é que nem melancia quente, é loco pra fazer mal pra alguém.
Lembro de um causo que me arremete às proezas do seu Alcides, casado com a Dona “Camisola Gertrudes”, Gertrudes de batismo, mas Camisola só depois de casada. Nunca ninguém soube direito sobre o fato, mas bocas grandes comentam que Camisola foi um acontecimento prá lá de verdade verídica.
Aconteceu que num tal de dia o velhinho levantou pé que te pé da cama e rumou prá bacia lava a cara antes de ceva o verde. Tudo dia era assim... Mas naquela segunda-feira depois do domingo no bolicho, ainda tava meio revesguiado das andança macanuda.
Quando se alinho na postura de homem, véio, mas de postura, viu um vulto vindo pros lado dele. Coisa horrível de feia, que o pobre teve vontade de se apinchá pela janela... Mas fico firme, que nem palanque em banhado. Deu de mão na tranca da porta e volto de ré, lôco pra fincá nas orelha do bixo. Sentiu os pelo arripiá tudo, da bica das orelha ao canto dos garrão. Quando viu, caiu mole no chão.
Bobo do véio, nem era uma assombração, acontece que ele levanto da cama corrido e esqueceu de coloca os óculos, no relance e sem as “lente de armação”, não conheceu a Gertrudes, que tava em pelo. A Véia tentou se explicar de tudo quanto foi manera, pois não queria assusta o véinho. Será que custava ela não andar pelada pela casa?
Depois do acontecido, quando o véio ficava bravo resmungava:
-“Camisola Gertrudes”...

É prego na bota...

domingo, 10 de maio de 2009

Os Versos..

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Talvez eu pudesse dizer um verso romântico, não desses tolos que se vê a todo instante.
Seria romântico, mas diferente...
Talvez eu pudesse dizer um verso grande, grande verso, desses que se vê guardado na estante.
Seria grande, mas seria diferente...
Talvez pudesse dizer um verso que não fosse romântico, nem muito grande e nem declamado.
Seria um verso gritante, daqueles revoltosos que se diz na praça, cantado irradiante, na frente da autoridade, xingando o governante, em meio a lágrimas de justa raiva.
Seria romântico, grande e declamado, mas seria diferente...
Talvez fosse verso sem rima, cansado de tanto rimar, de tanto viver fingindo, de tanto correr prá viver.
Seria romântico, grande, declamado, verso rimado, mas seria diferente.
Diferente seria se pudesse dizer um verso que não fosse apenas verso, que não fosse somente romance, tampouco verso de se ter guardado na estante...
Talvez pudesse ser de alegria, mas que não fosse cantado e nem como os de sempre, que insistem em ter melodia, rima certa e marchas de bateria...
Talvez nem verso com rima seria.
Mas...
Meu verso seria sonho, com rimas da vida.
Não seria meu, de você, ou dele.
Seria diferente, pensado, escrito e declamado por nós.
Seria ele pra sempre um verso vivido por todos...
Quem sabe, o maior do mundo.
Dito a todos, aclamado por muitos, exaltado por milhares.
Seria, enfim, um livro, escrito com lealdade...
Palavra rimando com liberdade.
Prá ser grande, seria simples, nada de dificuldade.
Seria o verso da vida, que rima diferença com DIGNIDADE....
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Dr. Cardoso
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JUNTOS E ENTERRADOS, MAS NEM MORTOS CALADOS..
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segunda-feira, 9 de março de 2009

E Assim Ela Se Foi...

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EUGÊNIO SALLES...
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Seus pais não acordaram, continuaram sonhando...
Não fez barulhos, poderia ser pega.
Seria melhor assim. Não gostaria que ninguém soubesse. Temia que não se importassem..
Poucas coisas na mochila..
Sim, ela fugiu de casa. Foi embora. Era Mariana, mas poderia ser Joana, Marcela ou Lucí. Do tipo das meninas espertas ou muito tolas que se vê por aí...
Não tinha certezas, talvez nem quisesse ter.
Acreditava em poucas coisas. O super-herói não era seu pai, nem sua mãe, tampouco a fada...
E assim ela se foi...
Prá nunca mais voltar..
Caminhava sentindo a brisa no rosto... Sorrindo brevemente, admirando, vivendo a liberdade...
Era maravilhoso, como não tinha pensado nisso antes, questionava-se Mariana.
Foi feliz por alguns dias, belos e demorados... Foram 16 anos sonhando com um momento como aquele..
Lembraria para sempre do que encontrou pelas ruas.
O Russo Stalinovski, que atirava facas, cuspia fogo e saltitava malabares; Anita, a italiana que contava histórias de Castelo, afirmando sobre um caixote, que tivera sido Princesa do Reino de Maragosa.
Voltaria no tempo, só para sentir o prazer de ouvir os versos do apaixonado Pirata Poeta...
Mariana quase não acreditava que estava vivendo tamanha emoção.
Sentia-se livre. Como era fascinante ser autora de sua caminhada. Não seguir caminhos prontos, não ter parada.
Começava a entender sobre o poder que seu pai tanto lhe explicava. Se bom era mandar no próprio nariz, quanto melhor não seria mandar no nariz de toda a gente que avistava na estrada?

E assim Mariana Fugiu de casa. Não estava tão triste como naquela manhã raiada. Mas ainda não estava satisfeita, precisava descobrir a que fim levava aquela estrada...
Por dias procurou atônita todas as possibilidades, da alegria incontida, até a dor do choro amargurada...
Queria tudo. Ali, naquele momento, naquele minuto, segundo...
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Nunca mais iria voltar...
E assim ela se foi...
Seus pais, é claro, acordaram, mas Mariana se encarregou de continuar sonhando por eles.
Viveu anos de perguntas inacabadas e incompreendidas. Caminhando só e sem parada. Foi assim que iniciou, e assim que iria terminar.
Alguns pedidos, muitas histórias, vários romances...
Percebeu enfim, que as estradas levavam a vários finais e possibilidades, e isso prá ela já bastava...
Lhe encantava o caminhar, o conhecer, até mesmo o fugir...
Mariana percebeu que sua estrada deixava poucos rastros, e isso não lhe entristecia.
Ninguém vive para ser notado, mas sim, para que sua falta seja sentida, pensava ela...
E assim continuou por dias, meses, anos..
Sempre conquistando o que ninguém imaginaria..
Sua vida não teve barreiras, foi marcada pela audácia..
Existiu somente um momento em que Mariana se deparou com o peso da idade e pensou na dor...
Mas estamos falando de Mariana amigos, que sabia que não se vive, nem se morre em vão...
Ela se foi e, de fato, nunca mais voltou. Não precisava, Mariana sabia a direção a seguir. Isso lhe bastava...
Era Mariana, mas poderia ser Joana, Marcela ou Lucí. Do tipo das meninas espertas ou muito tolas que se vê por aí, que demoram a compreender que o passado se constrói a cada novo amanhã e que a Vida é muita breve pra ser desperdiçada
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VOLTAREEEMOOSSS...
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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A Princesinha..

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RICARDO CARVALHO:

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A Histórinha de Amor começa assim..
Existiam três amiguinhos, melhor não, histórias românticas de meninos e meninas são tão cansativas. Legal mesmo são animaizinhos, as mulheres adoram, lembram romance que elas tanto desejam...
Bom, eles moravam todos na floresta. O leão Galileu, o sapo Manuel e o burro Everaldo...Galileu o destemido, Manuel o envergonhado e Everaldo, o estabanado astrônomo, que disse não gostar de romances e que não conseguiu chegar a tempo de participar da historinha..
Como em todas as historinhas, existia é claro, a princesinha da floresta..Era linda, a mais linda de todas, superiormente linda. E mais que isso, além de linda, como em todas as historinhas, era ela tão querida e dócil..
A princesinha conheceu primeiro Galileu. Como era forte, ágil e inteligente galileu, era tudo que ela sonhava.. Como em todas as historinhas, eles se apaixonaram..Era o amor tão bonito e encantador..A princesinha flutuava.Mas logo galileu mostrou suas garras, tratava muito mal a princesinha e o romance teve de ser finalizado...
Manuel o envergonhado tratou logo de se aproximar, pois como em todas as histórinhas, a princesinha, mais cedo ou mais tarde, beijaria o sapo, na esperança de ele ser o príncipe..Numa manhã de sol, num lindo dia de janeiro ela se encantou com a humildade e simpatia do sapo. Paixão a primeira vista..E assim, como em todas as historinhas de amor, eles foram felizes pa....
Espera aí, vocês não querem saber do burro Everaldo?

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Bom, continuando de onde paramos...
Numa linda manhã de sol, num lindo dia de janeiro, o sapo e a princesa se beijaram. E eles foram felizes somente na outra história, finais felizes me cansam demais.. Nessa que eu conto, eles foram felizes somente por alguns dias, pois o sapo Manuel não teve seu encanto retirado. A princesa desistiu de beijá-lo.
Ahhh, Everaldo?
Sim, Claro...
Everaldo não aparaceu. A "Circunstância" que necessitava para conhecer a Princesinha, superar o medo e se aproximar dela, descobrir o encanto escondido na beleza do amor, não existiu, e ele se quer pode sonhar que esteve um dia ao lado dela.
Everaldo e a Princesinha não se conheceram. e não me digam vocês, caros leitores, que como em todas as historinhas, eu como escritor, posso dar um final mais felizinho para ela. NÂO... Essa não é uma historinha como todas as outras, nem esse um romance ideal.
Por incrível que pareça, ela ainda não tem fim.
Pois, a Princesinha, continua a vagar pelo mundo a procura do príncipe e, Everaldo, o astrônomo, continua esquecido nas noites a observar as estrelas. Talvez um dia a Princesinha, apareça para ele...
(A história é uma dádiva, carregada de surpresas.. escreva a sua e se você ver a princesinha por aí, diga que, melhor não, não diga nada..éé)


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voltareemosss
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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O Novo Integrante

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BIGODE..

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É bom que se explique, prá mode de não dá mexirico, que demorei 79 dias na viagem por causa desse trumbudo derrame d’água que não cansa de caí na região.
Sim, pois, não que tivesse medo, longe de mim, mas daquela feita tava eu solito no mais, lá no meu rancho, quando do nada se armo o temporal. Tinha cara feia de Nabuco, jeito estranho de Adamastor, imponência duvidosa de Joaquim...
Foi que dei de ré, pé que te pé. E repensei os plano de cruzá o Rio Grande e deixa a querência. Dois dia prá calma a tal de chuva, mais dois prá seca meus pelego e mais três prá garra vontade e bolear a perna no burro Aníbal, companheiro de façanha...
Verdade seja dita, toda semelhança por morar em Bagé, Terra do tal analista, terá sido mera coincidência. De fato, nem faço conta daquele quera de meia pataca, que largo mão da lida, prá virá “analista”.
Mas que esperança! Aonde vai pará nosso Rio Grande...
Bueno, foi dessa feita que abandonei o rancho e me apinchei prá tal cidade Catarina. Sim, porque quando eu resolvi corre o mundo não tinha preferência por paradeiro, não fosse o aviso que encontrei no dito jornal, dos home desse tal “Buraco” procurando um escritor refinado e com experiência prá com eles trabalha.
Pensei com uns pouco parafuso que ainda funcionava: “se apilixe gaudério, largue mão de frescura e se finque, errado duvido que alguma coisa pode dá. Prá quem tá acostumado fazer versinho prás moça e charlá com as guria da campanha, esse tal ofíco de escrivão difícil não pode ser”.
A viagem foi longa barbaridade. O Aníbal, male mal fazia hora de anda uns quilometro e já pedia arrego, tendo eu que parar.
Mas que nada vivente, se eu te conto que sempre tinha duas idéias, tu periga não acredita. Elas não eram as únicas, mas me perseguiam com maior vontade. A primeira eu não lembro, e a segunda faz tempo que não consigo achar.
Mas eram uma idéias buenachas chê, pra lá de macanudas, digo, interessantes. (Os homi chefe do jornalês exigem um palavreado mais cultivado, eu confesso que me esforcejo bastante, mas não tá fácil amigo velho).
Afinal, antes que dê encrenca, é bom logo esclarecê. Não gosto que me perguntem e muito menos de respondê, assim como não gosto que me duvidem, menos ainda que me mandem.
Pouca coisa me assusta e mesmo o que me assusta eu não posso conta, pois gaudério que se preze não sente medo. No máximo, às vezes sente é o arrependimento a batê... nada que saculege as prega da bombacha ou derrube a erva do mate.
Bueno, mas vamo afivelando o barbicacho e contando o motivo maior de nossa presença por essas bandas. Temo idéia de colaborejar e contar uns punhados de história que vimo acontece pelo mundo afora. Disse: causo e história, nada de mintira e aumentação.
Eu volto, mas só depois que descansa, porque 80 dia em cima de um burro não é fácil de aguentá...
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VoltaremoOs....
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