quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sobre desenhos e fotografias...

Eugênio Salles

Permita que eu feche os meus olhos, pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora, e cantando pus-me a esperar-te.
Permita que agora emudeça: que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio, e a dor é de origem divina.
Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo
e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo".
Cecília Meireles



Ora Bolas!
Já afirmei decididas vezes que escrever era algo triste e solitário, por vezes doloroso.
Disse que quando estivesse feliz, com tudo realizado, estaria descansado.
Vivendo intensamente, escrever não mais seria meu fardo.
Poderia sim, dedicar meu tempo para criar, criticar,
sonhar diante de minhas próprias histórias.
Observar a perfeição do desenho de cada dia, ao amanhecer.
Porém, ouso voltar atrás e desdizer o que havia dito.
Quero compor meus versos decididamente.
É que há dias o desejo ardente de conhecer a vida,
Passou outra vez a fazer parte do meu viver.
Tenho muito a dizer ainda, mas neste momento
quero é compreender... Compreender nem sei o que...
Talvez, o mistério de caminhar, encontrar e desaparecer.
Diz o poeta que “a vida é a arte do encontro,
embora haja tanto desencontro pela vida”.
Todavia, para os mais audaciosos, “O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.”
Confuso, não? Viver deveria ser mais atraente.
Aquilo que foi agora volta novamente.
Viver é um oficio de quem não tem melodia, rumo certo ou pontaria.
Viver é acordar e dizer, que seja um bom-dia...
Vou rever a amada, vou melhorar de minha agonia.
Serei mais forte, serei mais calmaria.
Terei paciência, usarei da ousadia.
Olharei em seus olhos e perguntarei, queres a partida ou
a simplicidade de minha companhia?
É assim a vida... Muitas perguntas em cada nova resposta.
Desenhos tantos, onde em cada traço ou rabisco,
viver e escrever se encontram prá anunciar: escrever é bom sempre.
Aflição, dor, agonia, desejos de felicidade compartilhada, momentos de alegria.
Escrever é desenhar a vida e todo desenho pode tornar-se fotografia.
E o mais interessante: “o que vai ficar na fotografia são os laços invisíveis que havia...”



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