sábado, 20 de setembro de 2008

E a sua História?

Dr. Cardoso



...Certo dia em um povoado muito distante chegou ao cair da noite um “velho moço” que ninguém o conhecia. Ele usava trajes estranhos pra época e andava de maneira esquisita, tinha seu olhar distante e falava muito pouco, se detinha a pequenas afirmações e a observar a rotina da pequena cidade.
Ninguém sabia seu nome e nem ele desejava que descobrissem, era um moço franzino e todos achavam que teria passado por grave doença. Contentou-se com o pequeno quartinho que lhe fora oferecido nos fundos da igreja da cidade, onde passava dias e dias a escrever. Quando interrompido pestanejava e dizia que estava ocupado, não desejava que atrapalhassem seus escritos para a posteridade. Por vezes aos domingos, logo após a missa, ele se animava e como num estalo contava belas e intermináveis histórias, passagens por terras distantes e feitos de grandes heróis. Contava de cavaleiros e aventuras, de revoluções e batalhas, de reis e princesas. Sorria, gesticulava, fazia de suas histórias a sua profissão.
Quando o povoado começava a questionar-lhe sobre quem era ele? Da onde vinha? Que fazia por ali? Ele se calava e tratava de terminar suas histórias e voltar ao seu silêncio, se retirava e por dias não falava com ninguém. Com o passar do tempo o “velho moço” passou a ser figura marcante das manhãs de domingo e o povo até já se acostumara com a sua presença. Ele tinha se tornado rotina da pequena cidade.
Percebendo isso afirmou que chegava sua hora, assim como o trem, o tempo e o vento, ele necessitava seguir, não podia parar ou se deter em apenas uma cidade... O Povo ficou triste, insistiam para que ficasse, pois gostavam de suas histórias, pediam a ele o que fariam das manhãs de domingo que aguardavam ansiosamente para escutar de suas andanças e lhes falar do mundo lá fora.
O “velho Moço”, não pestanejou. No domingo logo cedo todos estavam a sua espera, imaginavam que ele poderia se arrepender e quisesse ficar mais um tempo. O “velho moço” chegou silencioso, com o mesmo olhar de quando havia chegado na cidade anos atrás. E logo, sem rodeios, começou a falar muito calmo, para que todos o entendessem:

“...É estranho observar vossos hábitos, sua rotina, padecem muitas vezes a seus horários restritos e que não os permitem viver. O pior de tudo isso é que vós mesmos percebem sua situação e pouco fazem para mudar. Eu gostaria que analisassem sua própria vida... Imaginem o seguinte: você faz muitas coisas, tem muitos planos e para tanto, necessita seguir a risca sua rotina, querendo ou não...”

Todos concordaram, e o “velho moço” continuou...

“... mas eu insisto e pergunto a vocês, POR QUÊ? Pensem em tudo que faz parte de seu dia-dia e em seguida acrescentem um, POR QUÊ?
As vezes é bom repensar os vossos Pq’s, para não sofrer quando finalmente perceberem que vosso tempo é curto e vossa vida mais curta ainda. Nossa história exige respostas... Chega de enrolação em vosso dia-dia, em vossa vida... chega de enrolação... pois vocês podem enganar a todo mundo, menos a si próprios”

O “velho moço” virou as costas sem ao menos dizer adeus, caminhando lento e calmo foi sumindo na estrada...




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__( Voltaremos..)






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Um comentário:

Jean Matheo Piccini Lago disse...

E assim ela vai sendo escrita.
Pela mudança ou pelo cotidiano, uma eterna busca pela "felicidade".